A cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) está prestes a acontecer, com divergências entre Brasil e Colômbia. Como a senhora vê essa situação?
São posições fortes que estão sendo anunciadas. O presidente Petro está falando em petróleo zero e o presidente Lula em desmatamento zero. Não é porque o Petro não defende o desmatamento zero que ele não seja contra o combate ao desmatamento. Da mesma forma, o presidente Lula estar falando sobre petróleo zero não significa que ele não esteja preocupado com fontes renováveis de energia.
A Colômbia está apostando na proibição de produção de combustíveis fósseis e no reflorestamento, enquanto o Brasil está explorando petróleo na região. Como equilibrar essas perspectivas divergentes?
É importante entender que ambos os países têm preocupações legítimas. Lula está demonstrando grande preocupação com energias renováveis e pretende apresentar um programa ousado nesse sentido. No entanto, a aposta do Brasil em desmatamento zero até 2030 é ambiciosa, considerando nosso papel na economia global. Devemos encontrar caminhos comuns, compartilhando vantagens comparativas e buscando metas realistas.
O presidente Lula mencionou a possibilidade de exploração de petróleo na região. Qual é a sua opinião sobre isso?
Vejo a fala do presidente como uma abordagem cuidadosa. Ao remeter para estudos, ele está indicando disposição para dialogar com análises técnicas e científicas. Projetos complexos requerem avaliações detalhadas. Quanto à minha posição pessoal, ainda não a manifestei sobre a exploração de petróleo na região.
O Brasil está buscando metas ambiciosas de desmatamento zero até 2030. Como a senhora avalia essa abordagem?
A aposta do Brasil em metas de desmatamento zero até 2030 é considerada ambiciosa dentro do governo, refletindo nossa vontade política. No entanto, devemos lembrar que essa ambição é respaldada por ações concretas e esforços coordenados.
A cúpula em Belém visa transformar ações individuais em metas conjuntas para a proteção da Amazônia. Como alcançar isso?
É essencial avançar além da fase dos eventos e traduzir compromissos em ações concretas. A proposta de criar um painel de cientistas para a Amazônia, nos moldes do IPCC, é uma maneira promissora de desenvolver políticas sustentáveis com base em evidências sólidas. Países como o Brasil têm responsabilidades particulares devido à nossa posição na região e às vantagens comparativas que possuímos.
O Brasil tem registrado quedas significativas no desmatamento, segundo dados recentes. Como isso impacta nossa posição nas conferências globais, como a COP?
Os dados preliminares de redução no desmatamento são promissores e podem fortalecer a posição do Brasil em conferências globais, incluindo a COP. Demonstrar a capacidade de cumprir promessas e liderar pelo exemplo é fundamental para influenciar positivamente as discussões internacionais sobre o clima.
A criação de um painel de cientistas para a Amazônia é uma proposta interessante. Como isso contribuiria para o desenvolvimento sustentável da região?
A criação de um painel científico nos moldes do IPCC permitiria o desenvolvimento de políticas baseadas em evidências sólidas e metodologias consolidadas. Isso abordaria questões críticas, como o impacto das mudanças climáticas na floresta e os limites para a reversão desses efeitos. Ter uma base de conhecimento independente e técnica é fundamental, assegurando a integridade das análises e recomendações.
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